O presidente licenciado do Solidariedade, Eurípedes Júnior, foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) no inquérito que apura suspeita de desvio de R$ 36 milhões de verbas eleitorais e partidárias do PROS em 2022. Eurípedes era presidente do PROS na época e se fundiu com o Solidariedade no ano passado.
Além do líder do partido, o MPE denunciou outras 9 pessoas que também foram alvo de uma operação da Polícia Federal há duas semanas. As investigações começaram após uma denúncia de que Eurípedes Junior estaria usando candidatos falsos em vários pontos do país para desviar recursos partidários.
Segundo a denúncia do MPE, os dez envolvidos atuavam de forma coordenada e estruturada, formando uma organização criminosa estável que atuava com divisão de tarefas para obter vantagens ilícitas.
“Os arguidos uniram esforços deliberada e conscientemente com o objetivo de desviar e apropriar recursos do Fundo Partidário e Eleitoral”, aponta a organização.
“Riqueza pessoal”
O MPE apontou Eurípedes Júnior como o líder do esquema e que ele teria administrado o PROS como “patrimônio pessoal”, obtendo “enriquecimento pessoal e familiar ilícito por meio do desvio de recursos públicos destinados à atividade político-partidária”.
A Polícia Federal detalhou que o esquema também envolveu uma fundação partidária para desviar recursos entre 2022 e 2023. O grupo teria usado empresas de fachada para lavar dinheiro, por meio da compra de imóveis e do superfaturamento de serviços de consultoria jurídica prestados ao partido.
Os advogados de Eurípedes Júnior afirmaram, em nota, que ele se apresentou voluntariamente à Polícia Federal e que provará sua inocência perante a Justiça. “Eurípedes Júnior demonstrará sua total inocência diante dos fatos que estão sendo investigados”, disseram.
Antes de se entregar às autoridades, Eurípedes Júnior tirou licença da presidência do Solidariedade por tempo indeterminado. Com a saída, o deputado federal Paulinho da Força, que era vice-presidente, retomou a liderança do partido.
PROS apoiou Lula em 2022
Naquele ano, o PROS enfrentou uma forte disputa interna entre a ala favorável ao apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), liderada pelo então líder Eurípedes Júnior, e a ala que lançou Pablo Marçal na disputa presidencial, apoiada por Marcus Holanda.
A disputa pelo controle do partido começou em 2019 e culminou na pré-campanha daquele ano, em que Holanda organizou um processo administrativo para afastar Eurípedes por suspeita de corrupção e utilização de recursos do fundo partidário em benefício próprio.
No entanto, o líder pró-Lula recorreu à Justiça e obteve decisão favorável do juiz único do ministro Jorge Mussi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para retomar o comando do PROS.
A volta de Eurípedes Junior à presidência do PROS sepultou a indicação de Pablo Marçal e levou o partido a participar da coligação “Brasil da Esperança” após reunião entre o executivo e o então coordenador de campanha de Lula, Aloizio Mercadante, e Geraldo Alckmin.
